Parece título de prato gourmet, mas na verdade diz respeito a uma menina fina. Anne Frank nasceu em Frankfurt na Alemanha em 12 de Junho de 1929. Uma menina curiosa e espirituosa viveu o auge de sua pré-adolescência como emigrante na Holanda, em plena segunda guerra mundial. Como presente de aniversário, ganhou dos afetuosos pais um caderno. Ela o transformou em diário, ou melhor, cartas para sua amiga imaginária Kitty. Onde relata seus dias, seus pensamentos e sentimentos sobre tudo e todos. Sua relação com a família, vizinhos, colegas da escola (antes de emigrar) e coabitantes. Viveu por dois anos num esconderijo denominado por ela como Anexo, juntamente com seus pais, irmã, um dentista, outro casal com seu filho, também adolescente. Peter, inicialmente, não passava de um mocinho no Anexo, mas depois veio a se tornar o motivo do despertar de Anne para aspectos inexplorados de si mesma. Em sua narrativa, quase sempre irônica, mostra-se uma sonhadora nata, sempre em busca de aprendizado e aprimoramento. Faz planos para o pós guerra e mostra-se decidida sobre o que quer fazer e como quer ser. Apresenta ideias instigantes a respeito da sua visão de mundo, bastante maduras em relação a sua idade. Em tudo o que fazia ela tinha uma opinião, quase sempre, realista. Sincera, leal e honesta. Engraçada muitas vezes. Autocrítica mais que qualquer um e também dos outros. Viveu cada instante e cada experiência em sua plenitude, como quando cita que, ao usar o balde para fazer xixi, prendia a respiração para ouvir o barulho, que parecia de um riozinho. Um diário sem conclusão, assim como a vida dela. Foi breve, foi plena e deixou gostinho de quero mais. A sensação que fiquei ao terminar o livro foi de êxito quase alcançado, como quase ganhar uma corrida ou quase tirar um dez numa prova. Com certeza Anne teria escrito livros maravilhosos assim como este. "... se quiser conhecer bem uma pessoa, tem que brigar com ela. Só então pode avaliá-la." - Anne Frank
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"Fui caminhar pelos campos em direção a minha amiga copaíba. Encontrei alguns frutos de Pequi e comi ali mesmo, estava quente e suculento. Sentei sob o pequizeiro próximo a cerca de divisa, mas os mosquitos e formigas não me deixaram relaxar. Será que ainda sirvo pra acampar?
Sozinha não sei se tenho coragem, mas seria legal. Já que não tenho companhia. Lembro da época que morava na cidade e vinha pra roça com a barraca emprestada de uma cliente, acampava, sozinha, passava o dia todo no mato, fumando maconha, escrevendo, fotografando, pensando na vida. Era tão gostoso. Eu me sentia livre, sem medo algum, sem vergonha. Hoje tenho minha própria barraca e muito pudor. Vi a Petit falando que ir pra Ìndia com a professora Lúcia Helena Galvão vai ajudá-la a se descobrir e expandir a consciência. É certo que viajar nos tira da bolha, nos ensina muitas coisas. Penso que seria mais potente pra expansão de consciência se ela soubesse lidar com a própria família, apesar que eu bem sei, nascer num seio familiar que não te faz sentir pertencente não deveria ser uma sentença de morte. Ninguém aprende sobre paciência sem ter que exercitá-la. O caos não dá a virtude da paciência mas a oportunidade de praticá-la como a um músculo que precisa ser exercitado. Durante viagens, assim como a jornada de viver numa família e sociedade disfuncional, aparecem desafios que nos obrigam a transpô-los. E isso amadurece, expande a consciência, desde que esteja aberta. Não significa que quem é pobre e não tem condição de viajar pra Índia ou pro Himalaia não seja alguém sábio." Este foi um trecho do livro "O que chamam de deus eu chamo de caos". Para conhecer mais da obra leia páginas de amostra e adquira o seu no endereço: https://www.amazon.com.br/chamam-deus-chamo-caos-imprevisibilidade-ebook/dp/B09ZK978H6 Ou diretamente pelo QR CODE abaixo: Quando chegou o livro Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus deliciei-me com seu cheiro e logo devorei cinquenta páginas sob o sol matinal. A história dela é de muita força e coragem, a simplicidade da escrita, a superação, a consciência que tinha sobre si, sua realidade e dos demais, do lugar onde vivia e como observava a vida dos demais. É exatamente sobre isso, todo mundo tem algo pra ensinar e ela, vivendo onde viveu, na favela do Canindé em São Paulo, passando maus bocados; semianalfabeta e sonhadora, transmitiu com toda simplicidade que lhe cabia neste que é um clássico da literatura brasileira, traduzido para treze idiomas. Logo após o laçamento, em 1960, vendeu mais de 100 mil exemplares. Muitos desses comprados pela curiosidade sobre como vivem os favelados, pois só mesmo quem vive pode saber. Audálio Dantas, jornalista que transcreveu os manuscritos de Carolina e colaborou para torná-la pública a conheceu em vias de fazer uma reportagem sobre a favela, mas desistiu no instante em que a conheceu. Sensato. Seria como um homem explicar como é ser uma mulher, como é sentir cólicas, TPM e etc. Não têm esse direito. É um livro realista, com doses de ironia e paradoxal beleza. Muitos trechos foram ocultos por Audálio por ser de intensa repetição nos assuntos abordados por Carolina, como a fome, a lama, e todas as dificuldades que vinham junto. É inspirador sobre como apesar das dificuldades, uma mulher preta, mãe solo de três, catadora de papel, numa favela, soube viver com tamanha sensatez. Carolina me inspira a acreditar no meu melhor, a enxergar a vida como ela é, não como eu gostaria que fosse, no entanto sem deixar de sonhar. Ser feita de aço e vestir-se de céu é melhor que enxergar tudo amarelo. " Mas eu lhe ensinei que a é a e b é b. Ele é feito de ferro e eu sou de aço. Não tenho força física, mas minhas palavras ferem mais do que espada. " pg. 51 |
Carla FloresEscritora amadora, aspirante a filósofa, leitora vigorosa, amante da natureza e da psicologia. Uma mulher bissexual sobrevivendo numa sociedade homofóbica, misógina, machista e patriarcal. Categorias
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