"O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte.
A verdade de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem." (Theodor W. Adorno e Max Horkheimer,1947 - pag. 114) O título deste ensaio é a frase que eu costumava dizer. E é da mesma forma que evito olhar para as vitrines das lojas para não ser tentada a comprar que também nunca ouvi uma música sequer do Kiss, por medo que essa moda me pegasse. Embora existam inúmeros exemplos de artistas cujas obras só foram reconhecidas e popularizadas post mortem, não creio que fossem menos artistas caso tivessem presenciado seu sucesso. É um assunto muito abrangente, no entanto, vou me ater aqui ao aspecto de impacto nas massas, como o fazem Adorno e Horkheimer. Vamos começar do começo. Sendo a arte um impulso, um tipo de ímpeto, um rio represado que precisa encontrar sua vazão; precisa ser posta à ação, seja como for. Dito isto, a menos que permaneça oculta no fundo de um porão como um cadáver esquartejado, e reprimindo a natureza do artista sobre sua ânsia de mostrar a sua criação, sua disseminação tornar-se-ia inevitável. No quanto e em quais aspectos essa obra impactaria e influenciaria na massa é que é a questão: subjetiva. Aí acredito que entraríamos no âmbito de Jung e não vou me arriscar por essas veredas. Chegando às massas e tornando-se comercial, com ou sem intenção inicial, leva ao artista o outro lado da moeda: responsabilidade social, pressão por mais criações, privacidade restrita etc. Concluindo, não acho que o problema seja a comercialização da arte, mas seu impacto nas massas é que importa. O que chega às pessoas? Qual o impacto disso na economia e no comportamento da sociedade? Isso cria ou destrói? Um exemplo disso é o funk, o funk brasileiro ok, não o do James Brown. Tem uma batida interessante, boa pra mexer o corpo, mas uma música que contenha a letra onde bater em mulher e sua conotação sexual é pejorativa não é nada legal. Por que? Porque é isso que as crianças e adolescentes crescem ouvindo e consequentemente achando que é normal, achando que é correto. Bom, como eu disse, o assunto é muito abrangente e eu vou ficando por aqui com meu devaneio. Tá com vocês!
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A prisão de Thoreau por desobedecer a máquina (leia-se Estado), devido ao não pagamento de impostos, narrado em seu ensaio "A Desobediência civil" de 1849, foi motivada pelo que ele acreditava ser o certo. Se o dinheiro pago ao Estado era usado para financiar a tomada das terras do México, bem como a morte de seus conterrâneos, ele não concordava em fazê-lo e não o fez; por isso passou um dia na prisão. Depois de desvincular-se de toda organização, decidiu fazer uma experiência, a de viver sem depender do Estado pra nada (alô quem assistiu Capitão Fantástico!), desde a construção da casa, os móveis, alimentação e todo o resto, por cerca de dois anos; junto ao lago Walden. Assunto pra outro post. Por ora quero propor reflexão a uma analogia entre as motivações de Thoreau e o SUS. Ou qualquer coisa que seja feita com dinheiro público e que não é decidido pelo que é "certo", mas pelo que a maioria quer (eu incluiria aqui os gastos com copa do mundo de futebol, por exemplo). Aqui o conceito de certo visa aspectos que priorizem o bem de todos. Lembrei de uma influenciadora digital mostrando um gordofóbico falando que ela pode até ser livre e se amar, mas não é livre do colesterol e triglicérides. Creio que a obesidade é multifatorial, e se a pessoa for obesa com o colesterol ruim e não se importar com isso, ela tá no direito dela, certo? Como no caso de um fumante, que não tá nem aí pras consequências e prefere morrer fumando. Acho que não aos olhos de Thoreau, ele diria "eu não vou pagar plano de saúde pra quem não se cuida". A atitude dele não fez nem cócegas no impedimento da distribuição dos recursos, tampouco para impedir a tomada das terras mexicanas. Nem sequer influenciou o meio onde vivia, afinal, ele não era um Gandhi da vida. Ou seja, o que Thoreau buscava, o certo, vinha da essência dele, e por mais que ele quisesse irradiar isso não bastaria para mudar quem as pessoas eram e no que elas acreditavam, assim como ele não se deixou influenciar pelo lado "negativo" da história. Ele fez o que lhe cabia, fez o seu protesto, o que estava ao seu alcance, isso sim é um grande exemplo, e exemplos nunca morrem, assim como as ideias. Na democracia sempre vai prevalecer a maioria, seja como ela for. E nem sempre os representantes eleitos farão valer aquilo que foi inicialmente proposto. Aí entra o espírito Thoreau de ação, onde devemos decidir o que é melhor para o maior número de seres (para além daquilo que diz respeito ao nosso bel-prazer), fazer nosso protesto da forma como nos couber, e defender nossa essência até o fim. "As coisas não mudam; nós é que mudamos. · Para cada mil homens dedicados a cortar as folhas do mal, há apenas um atacando as raízes." - Henry David Thoreau Assim como em Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus, o livro Eu, Christiane F. de Kai Hermann e Horst Rieck é uma obra de utilidade pública. Ninguém melhor do que aquele que tem conhecimento empírico para falar com propriedade sobre algum assunto. O amor exigente trata-se de um grupo de co-dependentes, o narcóticos anônimos trata-se de um grupo de toxicômanos assim como o alcoólicos anônimos. Se um psicólogo compreende o que se passa com um dependente químico através de depoimentos do próprio, ele jamais saberá se o dependente não contar com honestidade. Porque só existem dois meios de saber, o empírico e o recolhimento de depoimento honesto. Nesse caso, só a observação deixa a desejar porque pode ser mal interpretada. No livro de Christiane F. os depoimentos recolhidos não poderiam ser mais crus. Um misto de compaixão e raiva permeia a leitura. A sua infância conturbada, as mudanças de cidade, de casa, de escola, de turma. A fase mais complicada da vida e as consequências da invalidação de sentimentos, repressão, incompreensão, julgamentos, críticas, agressão emocional e física, ambiente familiar e social frequentado. Como uma pessoa se torna uma drogada, que chega a se prostituir mesmo quando repete pra si mesma que jamais faria isso? Na medida que você avança na leitura fica se perguntando "mas ela já tá na merda, tem jeito de piorar?". É um livro que todo mundo a partir de 10 anos deveria ler. Tanto mais pré adolescentes quanto principalmente pais e futuros pais. Porque a ligação com a família é fator predominante para a entrada no mundo das drogas, no entanto, isso não exime os demais fatores que são: lugar onde vive e habita (bairro, escola) — situação socio-econômica, turma (colegas, primos, etc.), tempo livre (onde, com quem, e fazendo o quê). Quando a PM vai nas escolas com o intuito de instruí-los para a prevenção do uso de drogas, isso talvez surja efeito contrário, já que a adolescência é a fase da rebeldia, do contra. A intenção é boa mas pouco efeito tem sobre o que é mais importante quando se trata de prevenção: um ambiente familiar harmônico, compreensivo, empático, compreensivo, livre de julgamentos e críticas, com validação de sentimentos, diálogo, limites, autonomia e responsabilidade, sobretudo, divertido. Quando um adolescente prefere ficar na rua sob qualquer custo do que ficar em casa, alguma coisa está errada. É um forte indício de que lhe falta algo em casa e portanto o procura na rua. Christiane chega a nos causar pena tamanha sua carência. Qualquer migalha de atenção a comprava. Ela não tinha liberdade para conversar em casa, não tinha um porto seguro. A rua a acolheu, outros como ela a acolheram, as drogas deram o conforto que ela desconhecia onde mais poderia encontrar. O livro é envolvente e emocionante, quando menos se dá conta você já leu cinquenta páginas. "Minha família era a turma. Com eles, eu encontrava amizade, ternura, algo parecido com amor. Só o beijinho na chegada jpa me parecia uma coisa fantástica. Todos davam e todos recebiam um pouco de ternura e amizade. Meu pai nunca me beijou assim. Na turma não havia problemas." pag. 59 O livro em si é um convite a escrever. King conta que enfiou um prego na parede para colocar os bilhetes de recusa, e seguiu escrevendo desde os sete anos de idade (quando ganhou cerca de um dólar de sua mãe por histórias que ele escrevera); sendo recusado inúmeras vezes pelas editoras, precisando posteriormente usar um prego maior, tamanha quantidade de bilhetes de recusa. Ou seja, escrever é persistir e quanto mais escrever mais habilidoso será o escritor. Eis aqui um baita resumão da parte do livro que trata sobre a escrita, no ínício, (o currículo) S.K. fala sobre sua vida pessoal e sua formação em escritor. Em todo o livro, ele expressa gratidão e admiração por sua esposa Tabitha, que teve um papel fundamental para a criação de suas obras, sendo também sua leitora ideal (LI).
Parece título de prato gourmet, mas na verdade diz respeito a uma menina fina. Anne Frank nasceu em Frankfurt na Alemanha em 12 de Junho de 1929. Uma menina curiosa e espirituosa viveu o auge de sua pré-adolescência como emigrante na Holanda, em plena segunda guerra mundial. Como presente de aniversário, ganhou dos afetuosos pais um caderno. Ela o transformou em diário, ou melhor, cartas para sua amiga imaginária Kitty. Onde relata seus dias, seus pensamentos e sentimentos sobre tudo e todos. Sua relação com a família, vizinhos, colegas da escola (antes de emigrar) e coabitantes. Viveu por dois anos num esconderijo denominado por ela como Anexo, juntamente com seus pais, irmã, um dentista, outro casal com seu filho, também adolescente. Peter, inicialmente, não passava de um mocinho no Anexo, mas depois veio a se tornar o motivo do despertar de Anne para aspectos inexplorados de si mesma. Em sua narrativa, quase sempre irônica, mostra-se uma sonhadora nata, sempre em busca de aprendizado e aprimoramento. Faz planos para o pós guerra e mostra-se decidida sobre o que quer fazer e como quer ser. Apresenta ideias instigantes a respeito da sua visão de mundo, bastante maduras em relação a sua idade. Em tudo o que fazia ela tinha uma opinião, quase sempre, realista. Sincera, leal e honesta. Engraçada muitas vezes. Autocrítica mais que qualquer um e também dos outros. Viveu cada instante e cada experiência em sua plenitude, como quando cita que, ao usar o balde para fazer xixi, prendia a respiração para ouvir o barulho, que parecia de um riozinho. Um diário sem conclusão, assim como a vida dela. Foi breve, foi plena e deixou gostinho de quero mais. A sensação que fiquei ao terminar o livro foi de êxito quase alcançado, como quase ganhar uma corrida ou quase tirar um dez numa prova. Com certeza Anne teria escrito livros maravilhosos assim como este. "... se quiser conhecer bem uma pessoa, tem que brigar com ela. Só então pode avaliá-la." - Anne Frank Você já sentiu dor no joelho? Uma dor que te impossibilita de agachar e te leva a pensar que tem oitenta anos?
Deve estar se perguntando "que tipo de pergunta é essa?!" Essa é mais uma história sobre o diálogo corpo x valores. Começou com uma dor quase insuportável no joelho, mal conseguia dobrá-lo. Na época trabalhava em duas residências. Numa delas, às quintas, recebia 70,00 por dia, e na outra, às segundas, quartas e sextas, recebia 42,50 sem ajuda de custo com passagem. Nesta última, que ficava num bairro a 10km da minha casa, costumava ir a pé ou de bicicleta. Até então acreditava que amor próprio era ter cabelo e unhas em dia. Fiquei de cama por alguns dias. Num desses dias consultei no posto de saúde com uma médica muito interessante, que usava uma turmalina negra enorme sobre sua mesa, entre ela e seus pacientes. Ela receitou um anti-inflamatório e chá de semente de sucupira, além de um pedido de raio x e encaminhamento para ortopedista. Gostei dela. Essa pausa foi um bálsamo e uma chave de virada na minha vida. Fiz tudo certinho como ela pediu, e depois de alguns dias já me sentia melhor. Não só do joelho, mas alguma coisa mais profunda também havia sido regenerada. Chegando no trabalho, numa quarta-feira do final do inverno, toquei a campainha uma, duas, três vezes e não fui atendida. Dei meia volta, e a cada passo na volta pra casa reafirmava que não toleraria mais aquilo. Um trabalho mal remunerado, onde trabalhava como cuidadora de idosa, faxineira, cozinheira, organizadora, jardineira e boa ouvinte. Nunca mais voltei lá. E como ambas as casas em que trabalhava eram de parentes, parei de ir nas duas ao mesmo tempo. Desempregada sim, desocupada nunca. Entreguei os lindinhos cartões de visita que um ex-companheiro me dera de presente em todos os prédios e casas de bairros nobres e de classe média nas redondezas de onde eu morava. Enquanto não aparecia nenhum serviço fora, reformei, organizei, faxinei minha própria casa e minha vida. Costumava sair com diversos homens e algumas mulheres para encontros sexuais casuais. Chegou a um ponto em que percebi que depois desses encontros eu não me sentia melhor que antes. As vezes até pior, como se tivesse ferindo a mim pra agradar aos outros. Então, desde o momento em que decidi não passar por cima de mim, em honrar meus serviços, impor meu preço e não aceitar nada menos que isso; nunca mais tive dor no joelho. Nem cheguei a consultar com o ortopedista. Hoje em dia sigo solteira há quase três anos, sem encontros sexuais casuais e sem faxinar para pessoas desonestas e injustas. Claro, desde a dor no joelho em 2018, muitas experiências me ajudaram a aprimorar esse estilo de vida. Não foi da noite pro dia. Mas vem sendo cada dia melhor. Asceta: consiste em uma prática que visa ao desenvolvimento espiritual. Esse substantivo de dois gêneros expressa também a ambivalência da filosofia de viver eremita. Não necessariamente se privando dos prazeres. Não existe dicotomia nesse caminho. Nesse sincretismo encontra-se a autossuficiência. Obviamente não é um caminho pra todo mundo, mas é sim um caminho. Onde eu me encontrei. Onde caminho com os pés descalços sentindo a vida, e sem sentir a dor de me desvalorizar. E agora, você sabe a causa das suas dores? Você dialoga com seu corpo? Com o sofrimento vem o aprendizado, pois, se a pedra não incomodasse, continuaria a caminhar com ela dentro do sapato. No meu livro O que chamam de deus eu chamo de caos, agora disponível também na versão impressa, a narrativa se desenrola como neste texto. São vivências, sofrências, aprendizados, regenerações, conquistas e realizações. O meu viver mais nu, o meu ser mais cru. Livro físico: https://loja.uiclap.com/titulo/ua18327/?fbclid=IwAR3bkIvR4qSGkv5rR6FYdBOCZEwKJzUQIGLE5f5UFPtWNlunQ8K_RPJctfU Ebook: https://www.amazon.com.br/chamam-deus-chamo-caos-imprevisibilidade-ebook/dp/B09ZK978H6 "Fui caminhar pelos campos em direção a minha amiga copaíba. Encontrei alguns frutos de Pequi e comi ali mesmo, estava quente e suculento. Sentei sob o pequizeiro próximo a cerca de divisa, mas os mosquitos e formigas não me deixaram relaxar. Será que ainda sirvo pra acampar?
Sozinha não sei se tenho coragem, mas seria legal. Já que não tenho companhia. Lembro da época que morava na cidade e vinha pra roça com a barraca emprestada de uma cliente, acampava, sozinha, passava o dia todo no mato, fumando maconha, escrevendo, fotografando, pensando na vida. Era tão gostoso. Eu me sentia livre, sem medo algum, sem vergonha. Hoje tenho minha própria barraca e muito pudor. Vi a Petit falando que ir pra Ìndia com a professora Lúcia Helena Galvão vai ajudá-la a se descobrir e expandir a consciência. É certo que viajar nos tira da bolha, nos ensina muitas coisas. Penso que seria mais potente pra expansão de consciência se ela soubesse lidar com a própria família, apesar que eu bem sei, nascer num seio familiar que não te faz sentir pertencente não deveria ser uma sentença de morte. Ninguém aprende sobre paciência sem ter que exercitá-la. O caos não dá a virtude da paciência mas a oportunidade de praticá-la como a um músculo que precisa ser exercitado. Durante viagens, assim como a jornada de viver numa família e sociedade disfuncional, aparecem desafios que nos obrigam a transpô-los. E isso amadurece, expande a consciência, desde que esteja aberta. Não significa que quem é pobre e não tem condição de viajar pra Índia ou pro Himalaia não seja alguém sábio." Este foi um trecho do livro "O que chamam de deus eu chamo de caos". Para conhecer mais da obra leia páginas de amostra e adquira o seu no endereço: https://www.amazon.com.br/chamam-deus-chamo-caos-imprevisibilidade-ebook/dp/B09ZK978H6 Ou diretamente pelo QR CODE abaixo: ![]() Há 20 anos, em 26 de junho de 1997, a escritora britânica J.K. Rowling publicou o primeiro volume de Harry Potter, depois da rejeição de 10 editoras. Diferente de muita gente, eu nunca me importei em seguir a moda. Ler primeiro, assistir primeiro, vestir primeiro. Tanto por não ter acesso quanto por "não estar nem aí" mesmo. Assisti o filme pela primeira vez há cinco anos. Não passei do terceiro filme por falta de interesse. Na época gostava mesmo era de filosofia, tava assistindo "o nome da rosa" e "os amantes do café Flore". E a leitura ficava por conta de "o anticristo" de Nietzsche, bem como "a náusea" por Sartre. Recentemente assisti a todos os filmes da série HP e fiquei encantada. Não a ponto de sair por aí comprando tudo que é coisa pra reafirmar minha admiração. Por acaso ouvi alguém mostrando os estúdios de gravação do filme (em Londres) e comentando algo sobre as aranhas no quarto sob a escada. Fiquei intrigada porque no filme não fala nada sobre aranhas ali. Então comprei o primeiro livro, sim, em 2022. Um ebook que me custou R$ 22,41. "Harry levantou-se devagar e começou a procurar as meias. Encontrou-as debaixo da cama e depois de retirar uma aranha de um pé, calçou-as. Harry estava acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas e era ali que ele dormia." (J.K. Rowling, 1997, pg.22) Foi um encanto visualizar isso, a naturalidade com que Harry enfrenta as adversidades. O livro (que li em quatro dias) me arrancou risadas e aquela vocalização bovina de "huuuummmmmm". A imaginação flutuando pra dentro da história a lá Harry com o diário de Tom Riddle no salão comunal da Grifinória, em a câmara secreta. Mês que vem é época de comemorar vinte anos desse tesouro literário. Meu mais sincero agradecimento vai para a J.K. Rowling por acreditar em si mesma, dedicar horas a fio na escrita, e por não desistir com o primeiro, nem o segundo e nem com o nono "não". Potterhead pra sempre! O que te leva a ler um livro? E pra gente comemorar, conta aí seus preferidos: personagens animais fantásticos livro da série Kirkus Review Comecei um novo ciclo, não foi soprando velinhas, mas acendendo-as. Por que sopramos a vela ao invés de acender, pois se o costume de acender velas é pra pedir ou banir algo? Findando o ciclo, sinto que soprar seja então pra reafirmar que o ciclo ficou pra trás, não necessariamente a vontade de se livrar do que aconteceu. Talvez tenha sido muito bom com gostinho de bis. Acender vela pra pedir também me intriga porque se acendo pra pedir ou chamar, não preciso fazer mais nada? Se o que determina o conseguir é o meu fazer e a contribuição das circunstâncias, então porque haveria de acender uma vela?
Confesso gostar de imaginar onde isso vai dar, porque sinto que estou sendo fiel à minha essência. A verdadeira liberdade é aquela onde me sinto liberta de toda e qualquer pressão social e crença anti questionadora. É por estar consciente dos diversos tipos de pressão, observando-me, e identificando a presença deles, é que consigo me desvencilhar. Tudo começou quando deixei de raspar os pêlos da perna, e depois das axilas. Parei de pintar as unhas porque precisei escolher fazer isso ou cuidar da terra; e de quebra poderia levar uma vida mais prática e economizando com isso tempo, energia e dinheiro. Parei com a maquiagem porque nunca gostei de ter os olhos lacrimejando por causa do delineador e nem de parecer algo que não sou. E assim venho seguindo me desnudando de tudo que nem sei se eu escolho vestir. Os preconceitos de família com cor e classe, de estado civil, profissão de sucesso e etc. Abandonei a psicóloga, muitas vezes ela falou mais que eu e não foi me dando conselhos, foi falando de como a vida dela é perfeita apesar dos pesares e sobre como ela sabe de muitas coisas. Sou grata por ter me cobrado o preço social, por ter sutilmente me aberto os olhos a respeito de diversos assuntos, ter encorajado ao diploma do ensino médio. Eu perdi a fé, a esperança em dias melhores. A tendência é sempre piorar, é a lei de Murphy. Agora a minha religião é o caos. A vida não passa de uma série de eventos desordenados, interligados e incontroláveis. O que um faz impacta o outro e isso gera um efeito nos demais, a interdependência imprevisível. Gostou? Você pode adquirir o e-book através do link: https://www.amazon.com.br/gp/product/B09ZK978H6 Uma cliente costuma me dizer que sou inteligente, que podia trabalhar com outra coisa, que como posso fazer faxina se sou tão inteligente. É isso, na cabeça de muitas pessoas só se trabalha com faxina quem não tem opção. Eu poderia vender qualquer coisa, trabalhar em outros setores, mas cá estou, fazendo o que amo, ganhando bem e ainda malhando. Que dó! É cansativo e muito desvalorizado, isso não dá pra negar, mas existem boas clientes por aí. Há casos e casos. Tive uma em particular que foi praticamente quem me ensinou a ser faxineira. Ela tinha tanta paciência e era tão flexível comigo. Me pagava um pouco abaixo do preço de mercado e eu arrumava coisas que era além do que uma faxineira deveria fazer, mas foi uma experiência grandiosa em diversos aspectos. Ela dava muitas roupas usadas pra mim e pro meu filho, emprestava dinheiro e por vezes nem aceitou o pagamento. Por ela conheci outras pessoas que também me ensinaram muito muito. Sou grata por tudo que vivenciamos. Quando vai chegando um ponto da vida em que me sinto mudando, sinto que até as clientes mudam. Como foi o caso dela, eu senti que aquele lugar ali não tava bom, não tava combinando, não tava contribuindo e então eu parti e me soltaram. Foi mútuo. Tive clientes que precisei sair antes mesmo de concluir a faxina do dia, como uma que tinha mania de enxugar tudo e usar só produtos sem cor. Ela era tão chata e na tentativa de me ensinar a faxinar ficou sem faxina. Inventei uma dor qualquer, cobrei vinte pela lavagem do banheiro e casquei fora. Mesmo com as empreguetes e Sílvia Federici, não existe um estatuto ou coisa do tipo que defina o que é faxina, os direitos e deveres de uma faxineira. Cada uma das clientes que tive nesses dez anos de profissão pensava de um jeito diferente sobre o que deveríamos fazer e como. Recentemente, venho tendo coragem para explicar para cada cliente que aparece, e para as antigas, a forma correta e justa de lidar com a faxina. Isso tem feito o meu trabalho ser mais agradável e rentável do que nunca. Então vou dar dicas para aumentar suas chances de sucesso como faxineira:
Faxinar pra mim não é só um ganha pão, é varrer as ideias, passar pano nas ilusões, organizar quem eu sou. |
Carla FloresEscritora amadora, aspirante a filósofa, leitora vigorosa, amante da natureza e da psicologia. Uma mulher bissexual sobrevivendo numa sociedade homofóbica, misógina, machista e patriarcal. Categorias
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